Algum tempo atrás, recebi em minha escola uma senhora desesperada cujo filho tinha ido muito mal em uma avaliação de inglês que ele havia feito na escola onde ele cursa o ensino fundamental. Ela foi me pedir para que eu desse umas “aulinhas” ao filho dela para que ele melhorasse o desempenho em suas provas futuras. Isto me levou a uma reflexão que faço junto aos professores em minhas palestras: Por que o profissional de educação é tão desvalorizado pela sociedade, se temos uma missão das mais importantes para a vida do ser humano?
Como podemos observar, ninguém entra em um consultório médico pedindo uma “consultinha” ou em um consultório odontológico precisando fazer um “canalzinho”.
Então, por que “aulinha”?
Não damos “aulinhas”. Damos aulas de língua estrangeira. Temos uma formação diferenciada. Investimos tempo e dinheiro em nosso conhecimento. Empenhamo-nos para oferecer o melhor a nossos alunos.
O que devemos fazer diante de tal situação? Bom, no caso acima, respirei fundo e esclareci com muita calma e educação: “Senhora, quantas horas a senhora deseja por semana?” Coloquei minha disponibilidade e passei a tal senhora para minha secretária para que ela lhe desse o orçamento. Não foi surpresa o espanto: “Isso será cobrado assim? São apenas umas aulinhas de meia hora”. Triste, não?
Isto também acontece com textos que universitários levam para traduzirmos : “ só uma olhadinha”. Mesma coisa ocorre com os famosos Abstracts de monografia: “só uma folha”. Muitas vezes temos que pesquisar sobre Física Quântica, Plantação de sorgo, Usinas Hidrelétricas, Cardiologia e tantas outras áreas científicas. Espere um minuto!! Não é bem assim! Isso tem que ter um custo justo. E não é apenas o tempo ou o tamanho do trabalho. O que vendemos é nosso CONHECIMENTO.
Gosto de contar durante as palestras uma história que ilustra muito bem essa sensação e serve como ensinamento para um profissional de qualquer área. É uma história interessante e divertida.
Uma determinada fábrica teve problema em uma de suas máquinas. Ela parou de funcionar. O prejuízo por hora era incalculável. Ninguém era capaz de consertá-la. Em meio a tanto desespero, lembraram-se de um engenheiro aposentado, cuja especialização era na manutenção daquele tipo de máquinas. Foram buscá-lo em seu sítio. Encontraram-no cuidando de seu jardim, gozando a tão merecida aposentadoria. Explicaram-lhe o imenso problema que tinham e ele concordou em resolvê-lo. Ele sabia como. Pegou uma maleta de ferramentas e acompanhou a equipe que havia ido implorar por seu conhecimento. Chegando na fábrica, ele aproximou-se da máquina, tirou um martelo de sua maleta e deu uma martelada na máquina. Para espanto de todos que assistiram à cena, a máquina voltou imediatamente a funcionar. Maravilhados, os diretores da empresa disseram:
- Muito obrigado.
- De nada. São dez mil, completou o engenheiro.
-Por uma “marteladinha”?, perguntaram boquiabertos.
- Sim.
- O senhor poderia discriminar em uma nota os valores e os serviços para passarmos ao departamento financeiro?
- Perfeitamente, disse o velho engenheiro. E escreveu: - Uma “ marteladinha”: um dólar
Saber onde dar a marteladinha: nove mil, novecentos e noventa e nove dólares.
Nós temos as ferramentas, sabemos usá-las e vivemos disso. É óbvio que podemos usar nossa profissão para ajudar pessoas carentes. Podemos e devemos. Isso é incrível. E faz parte da nossa missão na vida.
Mas não deixamos de ajudar também aquelas pessoas que nos pagam por nossos serviços. Todos prestadores de serviços nos ajudam.. E pagamos a eles pela ajuda.
Se tivermos um amigo que seja motorista de táxi, podemos pedir a ele qualquer favor, menos uma carona. A ideia é essa.
Nosso conhecimento vale muito. Nosso trabalho, nosso tempo também.. Temos uma profissão maravilhosa e precisamos valorizá-la. Precisa partir de nós para exigirmos isso da sociedade.
Bom, é isso :)
Esse texto eu já tinha lido uma vez que vc mandou via email! Muitooo bOooom mesmo...
ResponderExcluirNada de favorzinhooos.... hehehe
bJos KAri